Hoje eu sou um velho. Só um velho. Se já fui um ladrão, um
engenheiro, um especialista; nada disso importa. Não sou mais nada disso. Sou
apenas um velho.
A coisa mais difícil em se estar na minha idade é isso: você
é uma reencarnação. Quer você acredite ou não na pós-vida, quer você seja ou não
espírita, na terceira idade, você é sempre uma reencarnação. Isso porque você
sempre já foi algo. Vai ser sempre percebido assim, como alguém que já foi um psicólogo,
um astrônomo, um padeiro, como que em vidas passadas. Alguém que já amou, que já
sofreu, que já brigou, tudo em uma outra encarnação, chamada juventude. Mas que,
hoje, só é um idoso.
O difícil em ser velho é sempre não ser; é sempre já ter, um
dia, sido.
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